Não Se Mexa" (2024): O silêncio da vítima e o ruído do clichê
*Não Se Mexa* (2024), dirigido por Adam Schindler e Brian Netto, é mais do que um simples jogo de gato e rato. Ou pelo menos, gostaria de ser. Em meio ao cenário de uma floresta desolada e uma protagonista paralisada, o filme tenta ser um thriller psicológico tenso, a dinâmica de colocar a protagonista em uma posição vulnerável de forma logica.
A trama gira em torno de Iris (Kelsey Asbille), uma jovem traumatizada pela perda do noivo, que se isola numa cabana para enfrentar o luto. No entanto, o isolamento logo se transforma em pesadelo quando ela se torna alvo de Richard (Finn Wittrock), um serial killer com um estranho fetiche por vítimas que não podem se mover. Literalmente. Usando uma neurotoxina que paralisa Iris da cabeça aos pés, o assassino transforma a mulher em uma presa viva — mas não muda o jogo. Ao contrário, o roteiro se agarra à fórmula: vilão narcisista, protagonista silenciosa, e reviravoltas que você já se espera por tramas do gênero.
Há uma tensão genuína na premissa: o horror de estar consciente, mas impotente, é quase kafkiano. Asbille consegue transmitir muito com o olhar, e o filme acerta ao retratar o corpo como prisão — um ponto que, se mais explorado, poderia ter levado a uma discussão mais profunda sobre trauma, luto e sobrevivência. Mas a direção prefere o susto fácil à construção do incômodo. Richard, o vilão, é caricato, quase uma caricatura de "psicopata sexy", o que esvazia o terror e romantiza o mal sob o verniz de charme e manipulação.
Visualmente, o filme é bem executado: a floresta é ao mesmo tempo bela e opressora, e o uso de silêncio — às vezes excessivo — colabora para o clima. Mas há uma insistência incômoda em tornar o sofrimento estético, como se o desconforto real da protagonista devesse ser “assistido” com certo prazer voyeurístico.
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