Garras Afiadas, Boca Suja e Caos Multiversal: A Resenha Definitiva de Deadpool & Wolverine!

 Garras Afiadas, Boca Suja e Caos Multiversal: A Resenha Definitiva de Deadpool & Wolverine!




Finalmente aconteceu. O encontro que os fãs esperavam há anos, a colisão de dois dos mutantes mais icônicos e contrastantes da Marvel, chegou às telonas em "Deadpool & Wolverine". A expectativa era estratosférica, misturando a ansiedade pelo retorno de Hugh Jackman ao papel que o consagrou com a curiosidade sobre como o Mercenário Tagarela de Ryan Reynolds se integraria ao Universo Cinematográfico Marvel (MCU) após a aquisição da Fox pela Disney. O resultado é uma montanha-russa de ação brutal, humor ácido que não poupa ninguém (nem a si mesmo) e uma dose cavalar de fan service, entregando uma experiência que, embora não isenta de tropeços, certamente deixará a maioria dos espectadores com um sorriso (talvez um pouco ensanguentado) no rosto. A premissa básica, sem entregar os maiores segredos, coloca um Wade Wilson em crise existencial sendo recrutado pela Autoridade de Variância Temporal (AVT) e descobrindo que seu universo está em perigo. Sua única esperança? Encontrar uma variante de Wolverine, especificamente um Logan amargurado e relutante, para ajudá-lo a consertar as coisas, desencadeando uma jornada caótica através de realidades alternativas.

O Casamento Perfeito (ou a Colisão Inevitável): Reynolds & Jackman

O coração pulsante (e frequentemente perfurado) de "Deadpool & Wolverine" reside, sem sombra de dúvida, na dinâmica explosiva entre seus protagonistas. Ryan Reynolds retorna ao seu papel definitivo como Wade Wilson com a mesma energia caótica e charme irreverente que conquistou o público. Sua capacidade de entregar piadas rápidas, quebrar a quarta parede com naturalidade e ainda assim sugerir uma vulnerabilidade por baixo da máscara continua sendo impressionante. Ao seu lado, Hugh Jackman desempoeira as garras de adamantium com uma ferocidade renovada, mas também com um peso visível. Este não é exatamente o mesmo Logan que conhecemos; é uma versão mais quebrada, cínica e exausta, assombrada pelos fracassos de seu próprio universo. A química entre Reynolds e Jackman é palpável e eletrizante. A constante troca de farpas, os insultos criativos e a relutância mútua em admitir qualquer tipo de respeito ou afeição formam a espinha dorsal cômica e, surpreendentemente, emocional do filme. É um estudo de contrastes: a boca incessante de Deadpool contra o grunhido lacônico de Wolverine, o otimismo distorcido de um contra o pessimismo profundo do outro. Ver Jackman de volta ao papel, especialmente vestindo variações do icônico traje amarelo e azul, é um deleite para os fãs de longa data, e ele não demonstra sinais de ter perdido o jeito, entregando tanto a fúria bestial quanto a dor contida que definem o personagem. Juntos, eles elevam o material, transformando o que poderia ser apenas uma sequência de piadas e cenas de luta em algo com um pouco mais de substância, ancorado por duas performances magnéticas que se complementam perfeitamente.

Risadas Que Cortam e Ação Que Desmembra

Se há algo que se espera de um filme com Deadpool no título, é um humor que ultrapasse limites, e "Deadpool & Wolverine" não decepciona nesse quesito. O roteiro, co-escrito por Reynolds, Rhett Reese, Paul Wernick e Zeb Wells, dispara uma metralhadora de piadas por minuto, variando entre o humor físico escatológico, a sátira ácida à cultura pop (e especialmente ao próprio universo Marvel/Disney/Fox) e, claro, as constantes quebras da quarta parede, onde Deadpool conversa diretamente com o público, comentando a própria estrutura do filme, as escolhas de elenco e as convenções do gênero. Essa metalinguagem continua sendo um dos pontos altos, proporcionando momentos genuinamente hilários e inesperados. No entanto, nem todas as piadas aterrissam com a mesma força, e a intensidade do bombardeio cômico pode, por vezes, soar um pouco repetitiva ou até mesmo forçada para alguns espectadores. É um humor que exige um certo estômago e familiaridade com o estilo do personagem. Paralelamente ao humor, a ação é outro pilar fundamental. O diretor Shawn Levy orquestra sequências de combate brutais e criativas, aproveitando ao máximo a classificação R (para maiores de 18 anos). Espere membros decepados, sangue jorrando e uma violência gráfica que faz jus às habilidades regenerativas (e destrutivas) dos protagonistas. As lutas entre Deadpool e Wolverine são particularmente viscerais e bem coreografadas, capturando a ferocidade de Logan e a agilidade acrobática e imprevisível de Wade. Embora os efeitos práticos sejam elogiáveis em muitos momentos, dando peso e impacto aos confrontos, o CGI, como mencionado em algumas críticas, pode apresentar inconsistências, especialmente em cenas mais amplas ou envolvendo elementos fantásticos complexos, um ponto fraco recorrente em produções do gênero.

Um Mergulho no Multiverso (e na Nostalgia)

A trama de "Deadpool & Wolverine" abraça de vez a loucura multiversal que se tornou um elemento central no MCU pós-"Vingadores: Ultimato". A introdução da Autoridade de Variância Temporal (AVT), diretamente da série "Loki", serve como catalisador para a união dos protagonistas e a exploração de diferentes realidades. Para os fãs mais dedicados, isso é um prato cheio. O filme se deleita em apresentar variantes de personagens conhecidos, trazer de volta atores de filmes antigos da Marvel (pré-MCU e da era Fox, como o Tocha Humana de Chris Evans e diversos mutantes dos filmes X-Men) e espalhar easter eggs e referências a cada canto. A aparição de Wolverine com seu traje clássico amarelo e azul é, sem dúvida, um dos momentos mais celebrados e aguardados, executado com fidelidade visual. Esse banho de nostalgia e fan service é, para muitos, o grande trunfo do filme, uma celebração do legado desses personagens e dos universos cinematográficos que habitaram. Contudo, essa mesma abordagem pode ser uma faca de dois gumes. Para espectadores casuais ou menos familiarizados com a intrincada teia de filmes e séries da Marvel, a constante avalanche de referências e a própria lógica do multiverso podem soar confusas ou até mesmo alienantes. O roteiro, ao tentar jonglar tantas realidades e participações especiais, por vezes parece apressado ou sacrifica uma narrativa mais coesa em prol do próximo momento de "olha quem apareceu!". A complexidade inerente ao conceito de multiverso exige uma execução cuidadosa para não se tornar apenas um desfile de personagens sem um propósito claro na trama principal, um desafio que o filme nem sempre supera com perfeição.

Por Trás das Máscaras e Garras

A direção de Shawn Levy, que já havia colaborado com Reynolds em "Free Guy" e "O Projeto Adam", demonstra um bom entendimento do material, equilibrando os tons distintos de comédia, ação e drama que o filme exige. Ele consegue orquestrar cenas de ação impactantes e, ao mesmo tempo, dar espaço para os momentos mais íntimos (ou absurdos) entre os protagonistas. No entanto, a produção não está imune a falhas técnicas. Como já mencionado, o CGI é um ponto de crítica recorrente, com algumas sequências parecendo menos polidas do que outras, um problema que aflige muitas produções de grande orçamento atualmente. Em contraste, os efeitos práticos e o design de produção, especialmente na recriação de cenários e personagens de universos passados e no visual dos trajes, são geralmente bem executados. A trilha sonora acompanha o caos característico, misturando hits pop licenciados com uma partitura original que tenta dar peso aos momentos mais dramáticos. Um ponto que gera discussões é o desenvolvimento dos antagonistas. Cassandra Nova, a irmã gêmea maligna do Professor Xavier, interpretada por Emma Corrin, tem uma presença ameaçadora e poderes formidáveis, mas suas motivações e profundidade podem parecer subdesenvolvidas para alguns, servindo mais como um obstáculo poderoso do que uma personagem tridimensional. O mesmo pode ser dito de Paradoxo (Matthew Macfadyen), o agente da AVT cujos objetivos impulsionam parte da trama inicial, mas que pode não ressoar tanto quanto os heróis. O roteiro, apesar dos acertos no humor e na dinâmica da dupla, tropeça ocasionalmente no ritmo e na coesão geral, especialmente ao tentar amarrar as pontas soltas do multiverso e justificar todas as participações especiais, o que pode deixar a sensação de uma narrativa um pouco fragmentada.

Balanço Final: Vale o Ingresso?

Então, ao final dos créditos (e sim, fique para as cenas pós-créditos, como de costume), "Deadpool & Wolverine" cumpre a promessa de entregar uma aventura caótica e divertida? Majoritariamente, sim. Os acertos são inegáveis e superam as falhas para a maior parte do público-alvo. A química irrefutável entre Ryan Reynolds e Hugh Jackman é o motor que impulsiona o filme, rendendo momentos hilários e até surpreendentemente tocantes. O humor ácido e a quebra constante da quarta parede continuam sendo a marca registrada de Deadpool, e funcionam bem na maior parte do tempo. As cenas de ação são brutais, bem coreografadas e satisfazem quem busca a violência gráfica associada aos personagens. O fan service é abundante e executado com entusiasmo, recompensando os fãs de longa data com referências, participações especiais e a tão esperada visão de Wolverine em seu traje clássico. No entanto, o filme não é perfeito. O roteiro, ao se apoiar fortemente na complexidade do multiverso, pode parecer confuso ou apressado em alguns momentos, e a trama principal por vezes se perde em meio a tantas subtramas e aparições. Os antagonistas, embora visualmente interessantes, poderiam ter sido mais desenvolvidos. E os efeitos visuais, embora competentes em geral, apresentam as inconsistências que se tornaram comuns em blockbusters recentes. No fim das contas, "Deadpool & Wolverine" é um filme feito sob medida para os fãs. Se você ama esses personagens, aprecia o humor irreverente de Deadpool, estava ansioso pelo retorno de Jackman como Wolverine e se diverte com a exploração do multiverso Marvel, a probabilidade de sair satisfeito do cinema é altíssima. É uma celebração barulhenta, sangrenta e engraçada do legado desses anti-heróis. Para os espectadores menos investidos ou que buscam uma narrativa mais coesa e original, a experiência pode ser um pouco mais irregular, mas ainda assim oferece entretenimento de alta octanagem.

Conclusão

"Deadpool & Wolverine" não reinventa a roda dos filmes de super-heróis, mas injeta uma dose muito necessária de anarquia, humor adulto e carisma bruto no cenário atual. É um filme que conhece seu público e entrega exatamente o que promete: uma reunião explosiva de dois ícones, regada a piadas ofensivas, ação desenfreada e uma avalanche de nostalgia. Apesar das costuras aparentes no roteiro e de alguns tropeços técnicos, a força da interação entre Reynolds e Jackman, aliada à audácia do humor e à satisfação do fan service, garante uma experiência cinematográfica memorável e extremamente divertida. É a prova de que, mesmo em um universo cinematográfico cada vez mais complexo, ainda há espaço para o caos irreverente e a diversão descompromissada. Prepare-se para rir, se chocar e, provavelmente, aplaudir o retorno triunfante (e sangrento) da dupla mais improvável da Marvel.

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